terça-feira, 15 de dezembro de 2009

ÚLCERA DE PRESSÃO: FACTORES DE RISCO E PREVENÇÃO

Pode definir-se úlcera de pressão como uma lesão, localizada na pele, provocada por uma diminuição da quantidade de sangue, resultante da pressão e/ou fricção. Define-se também, como uma área localizada, onde ocorre a morte das células, devido à compressão do tecido entre uma proeminência óssea e uma superfície dura. São exemplos de superfícies duras as camas, as cadeiras de rodas, as talas, entre outros objectos rígidos.
As úlceras de pressão podem desenvolver-se estando a pessoa de pé, sentada ou deitada. Todas as zonas do nosso corpo (cabeça, orelhas, braços, pernas, etc.) são passíveis do desenvolvimento de úlceras de pressão, desde que estejam sujeitas a uma pressão não aliviada. No entanto, existem alguns locais onde a sua frequência é maior, tais como: a região sagrada, os trocânteres e os calcanhares.

São vários os factores que modificam a resistência da pele e que contribuem para o desenvolvimento das úlceras de pressão. Torna-se fundamental conhecer quais para podermos actuar. A idade, o peso corporal, as doenças associadas, o estado nutricional, a desidratação, a limitação da mobilidade, os défices sensoriais e a humidade são alguns dos factores que contribuem para o seu desenvolvimento. À medida que a idade avança a pele fica cada vez menos firme e elástica diminuindo, dessa forma, a sua resistência às forças de pressão e/ou fricção.
Constata-se também que os doentes emagrecidos, por estarem desprovidos de gordura nas proeminências ósseas, têm menor protecção. Por outro lado, os doentes obesos desenvolvem mais úlceras de pressão visto que, são muitas vezes sujeitos ao posicionamento por arrastamento, pela dificuldade que se impõe em mobilizá-los. Algumas doenças provocam a diminuição do aporte sanguíneo periférico, resultando em úlceras de pressão.
Um bom estado nutricional e uma adequada hidratação tornam-se extremamente importantes na medida em que, não só ajudam na prevenção das úlceras de pressão, como também se tornam cruciais no processo de cicatrização das mesmas.
A limitação da mobilidade, que se define como a incapacidade que o indivíduo tem em se mover, é sem dúvida um dos factores que mais contribui para o desenvolvimento das úlceras de pressão. Um indivíduo que esteja limitado na mobilidade, tem mais dificuldades em aliviar as áreas de pressão a que está sujeito. Por outro lado, está mais sujeito às forças de fricção e deslizamento ao escorregar na cama ou na cadeira. Se um indivíduo tem a sensibilidade comprometida tolera pressões muito mais prolongadas com consequente desenvolvimento de úlceras de pressão.
No que respeita à humidade, resultante muitas vezes da transpiração, da incontinência fecal e/ou urinária, do exsudado das feridas e da secagem incorrecta da pele do doente, a sua presença diminui a resistência da pele conduzindo à maceração da mesma.

São várias as medidas que podemos adoptar com o intuito de prevenir as úlceras de pressão. No que respeita à pele do utente esta deve ser limpa sempre que se encontre suja e em intervalos de rotina; bem seca e hidratada com cremes apropriados; e devem ser aplicadas massagens vigorosas, várias vezes ao dia, para melhorar o fluxo sanguíneo.
O posicionamento do utente torna-se fundamental na prevenção das úlceras de pressão. Todos os utentes condicionados ao leito ou a cadeiras devem alternar decúbitos pelo menos de 2 em 2 horas ou sempre que se justifique (de acordo com a necessidade do utente).
Existem materiais que se podem utilizar para posicionar o utente, tais como colchões, que permitem redistribuir o peso corporal, e almofadas de espuma que devem ser utilizadas com o objectivo de evitar o contacto entre proeminências ósseas e entre estas e superfícies duras.
As mobilizações devem ser sempre realizadas com o auxílio de um lençol ou resguardo para prevenir que o utente seja arrastado evitando assim a fricção. Aquando das transferências torna-se importante manter o alinhamento postural, apoiar bem os pés no chão, manter a coluna direita e apoiar o corpo do utente no corpo de quem o transfere.
Sofia Soeiro
Enfermeira

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