sexta-feira, 14 de outubro de 2011

16 de OUTUBRO - DIA MUNDIAL DA ALIMENTAÇÃO

BASTONÁRIO DA ORDEM DOS MÉDICOS DEFENDE IMPOSTO SOBRE «FAST-FOOD»

O bastonário da Ordem dos Médicos, José Manuel Silva, defendeu hoje a criação de um imposto sobre «fast-food» e «dezenas de variedades de outro lixo alimentar» para financiar o Serviço Nacional de Saúde (SNS), segundo a edição online do Público.
«Um duplo cheeseburger e um pacote de batatas fritas equivalem a 2200 calorias e é preciso uma maratona» para queimar este nível de calorias, afirmou José Manuel Silva, que incluiu também o sal nos produtos a taxar.
Falando na cerimónia de assinatura do protocolo de cooperação entre a Direcção-Geral de Saúde (DGS) e a Ordem dos Médicos (OM) com o objectivo de assegurar a colaboração entre estas duas entidades no âmbito da qualidade no sistema de saúde, o bastonário afirmou não ter dúvidas que esta medida irá ter a oposição da indústria agro-alimentar mas defendeu que este «imposto selectivo» seria uma alternativa a mais cortes no sector.
«Sabemos que é preciso poupar mas não é possível mais cortes sem pôr a qualidade dos serviços», afirmou. José Manuel Silva teceu ainda duras críticas à classe política e aos governantes.
O ministro da Saúde, Paulo Macedo, não se pronunciou sobre esta ideia, preferindo destacar o «esforço concertado entre o Governo e os profissionais de saúde» para «garantir a sustentabilidade do SNS e a melhoria da qualidade» da prestação dos cuidados.

in Diário Digital 05 Setembro 2011




COMBATE À OBESIDADE

Refrigerantes estão a substituir o consumo de água entre crianças
Os números falam por si: menos de 2% das crianças portuguesas dos seis aos nove anos bebem água quatro ou mais vezes por semana, mas quando se fala de refrigerantes o número sobe para 76%.
Para o coordenador da Plataforma contra a Obesidade, Pedro Graça, os dados nacionais de um novo estudo europeu sobre obesidade infantil permitem ainda concluir que as escolas estão cada vez mais a cumprir o seu papel na prevenção do excesso de peso, mas não as famílias.
"É altura de olharmos para dentro dos frigoríficos das nossas casas", diz.
Olhar para os gráficos do tipo de alimentos mais consumidos pelos mais novos, constantes na European Childhood Obesity Surveillance Initiative (cosi), é quase como ver a pirâmide dos alimentos virada ao contrário: aquilo que mais devia ser bebido e comido, porque tem menos calorias, como a água, e maior valor nutricional, como o pão, o leite, a fruta fresca ou a sopa, está entre o menos ingerido; pelo contrário, as pizzas, batatas fritas, hambúrgueres, salsichas, snacks ou pipocas têm consumos superiores a 90%.
Trata-se dos primeiros dados nacionais recolhidos no âmbito do primeiro sistema europeu de vigilância nutricional infantil, criado por iniciativa da Organização Mundial da Saúde (OMS). Foi avaliada, em 2007 e 2008, uma amostra representativa de 3812 crianças portuguesas dos seis aos nove anos do 1.º e 2.º ano, de 181 escolas. De acordo com os critérios da OMS, 37,8 % destes miúdos têm excesso de peso e 15,2 % são mesmo obesos, números que confirmam outros estudos já feitos, refere o nutricionista Pedro Graça.
O "ESFORÇO" DAS ESCOLAS
Um dos dados novos do estudo é o facto de a escola parecer estar a cumprir mais o seu papel na prevenção do excesso de peso. Se é verdade que os números gerais parecem indicar que "o consumo de refrigerantes está a substituir a água", nota Pedro Graça, "as escolas já estão a disponibilizar alimentos saudáveis": a água (55,6 por cento), o leite (55 por cento), a fruta fresca (33,3 por cento) e os legumes (26,7 por cento) foram os alimentos mais preponderantes nos recintos escolares, ao contrário dos refrigerantes, os menos disponibilizados.
Outros dados que parecem confirmar "o esforço das escolas": as máquinas de venda automática só foram encontradas em 2,2 por cento dos estabelecimentos de ensino e cerca de 95 por cento das escolas referiu não ter nenhum tipo de publicidade que pudesse prejudicar a alimentação saudável e equilibrada das crianças. Quando se fala de obesidade infantil, "diabolizam-se quase sempre as mesmas coisas", refere o responsável. O que o estudo permite constatar é que, enquanto "a escola protege, o consumo feito em casa contraria o esforço dentro do espaço escolar".
"O que se passa fora da escola é da responsabilidade da família."
Há uma dicotomia entre o esforço a nível escolar e não esforço das famílias." Pedro Graça diz que as famílias têm que perceber que "é preciso investir algum tempo na alimentação, dedicar algum tempo às compras de alimentos frescos, à sua confecção".
Olhando para a actividade física, repete-se o mesmo padrão. 80% das escolas disponibilizam 90 ou mais minutos de exercício por semana, mas em casa as famílias não estão a ajudar os mais novos a mexerem-se mais: ao fim-de-semana, nalgumas regiões do país, chega a duplicar o número de horas que os mais novos passam em frente à televisão (em média, 3,91 horas/dia) e a jogar no computador (em média 2,33 horas/dia), comparativamente com os dias de semana.
"Este é um tempo que devia ser mais passado ao ar livre, a passear, e passam ainda mais horas inactivos. É um contra-senso. As famílias precisam de arranjar uma ou duas horas para ter actividade física ao fim-de-semana."
                                                                                          in Jornal “O Público”

PAIS INFORMADOS SOBRE ALIMENTAÇÃO EVITAM OBESIDADE NOS FILHOS

Os pais com mais conhecimento sobre comportamentos alimentares saudáveis têm filhos com um índice de massa corporal mais baixo, mas não conseguem modificar as preferências alimentares das crianças, segundo um estudo de uma investigadora portuguesa.
A análise foi feita a pais de 231 crianças entre os cinco e os seis de jardins de infância de Loures e foi apresentada na Conferência Internacional de Obesidade Infantil, em Julho em Oeiras.
Nem sempre é fácil contrariar os gostos alimentares das crianças (João Henriques)
Com o objectivo de verificar se o conhecimento nutricional dos pais tem ou não efeitos positivos, a autora do estudo, Graça Andrade, refere ter concluído que os pais com boa informação tendem a ter filhos com menos índice de massa corporal (relação entre peso e altura).
“Poderia pensar-se que os efeitos da informação nutricional não estão a ser grandes, porque as taxas de obesidade continuam a aumentar. Mas o estudo não confirma esta ideia”, referiu à agência Lusa a investigadora da Escola Superior de Tecnologia de Saúde de Lisboa.
Dos pais estudados, 12% apresentou baixos conhecimentos, 52% um nível médio e 35% corresponderam a um conhecimento elevado.
A análise conclui também que os pais com mais conhecimento sobre nutrição têm uma maior percepção de que controlam o comportamento alimentar das crianças.
Mas há aspectos que não são influenciados pelo nível de informação nutricional dos educadores, como o caso dos gostos alimentares das crianças, avisa Graça Andrade: “Os pais com bons conhecimentos não têm crianças a preferirem alimentos mais saudáveis”.
Ou seja, continua a ser preciso que os adultos influenciem a alimentação das crianças com outra estratégias, como fazer com que comam pequenas quantidades de alguns alimentos, mesmo que não gostem.
“Uma criança que não gosta de vegetais pode ser um problema. Se começar a comer doses pequenas, como uma folha de alface ou cinco ervilhas, isso vai ajudar”, exemplifica a autora do estudo.
“Expor uma pessoa oito vezes a um alimento aumenta a sua preferência por ele”,
revela Graça Andrade, psicóloga e autora do estudo.

                                                  in Jornal “O Público”