quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Mais 6 mil crianças e jovens em risco

Foram sinalizados mais de 6 mil casos de maus-tratos em crianças e jovens entre Janeiro de 2008 e Junho de 2009, dos quais 25 por cento foram encaminhados e acompanhados pela Comissão de Protecção de Crianças e Jovens e apenas 6 por cento foram dirigidos para os Tribunais.
Os dados foram hoje apresentados no I Encontro Nacional da Rede de Núcleos da Acção de Saúde para Crianças e Jovens em Risco, em Lisboa, e resultam de um estudo exploratório que será divulgado dentro de algumas semanas. "Trata-se de um estudo exploratório feito em colaboração com as vários Administrações Regionais de Saúde (ARS) e que estará disponível dentro de algumas semanas, com informação mais detalhada e que possa ter em conta a perspectiva epidemiológica do fenómeno dos maus-tratos em si", referiu Vasco Prazeres, coordenador da Acção de Saúde para Crianças e Jovens em Risco.
De acordo com a ministra da Saúde, Ana Jorge, este é um número preocupante, já que os casos que normalmente vêm ao conhecimento público são apenas a "ponta do icebergue".
"Em casos de risco ou de maus-tratos, aquilo que vem ao conhecimento em geral é ponta do icebergue porque no fundo são as situações muito dramáticas, de grande risco, agressividade que, muitas vezes, têm por debaixo muitas crianças e famílias. Uma criança que está em risco ou maltratada é sempre um sinal de que há uma família em risco. O número elevado é preocupante mas porque o facto de termos uma criança que habitualmente não se defende precisa de ser protegida é sempre preocupante", explicou.
Com o intuito de disponibilizar toda a informação relativa aos casos sinalizados, irá ser desenvolvida antes do final de 2010 uma aplicação informática.
"A aplicação informática irá ajudar a organizar e sistematizar toda a intervenção clínica. Por outro lado, irá permitir uma perspectiva epidemiológica de um fenómeno que é complexo e que se apresenta de diversas formas, com diversos sinais. No fundo, trata-se de potenciar a capacidade de trabalho em rede para acompanhar cada situação de maus-tratos", concluiu.
Para a Ministra da Saúde, o trabalho desenvolvido pelos 98 Núcleos da Acção de Saúde para Crianças e Jovens em Risco, a funcionar a nível nacional nos centros de saúde e hospitais, têm vindo a desenvolver um bom trabalho, embora reconheça que existem alguns constrangimentos, como a falta de profissionais.
"É necessário envolver os profissionais , fazer formação, sensibilizar não só os profissionais do núcleo para saber como se acompanha, como se trata. Portanto, é envolver de profissionais dos diferentes serviços de saúde mas trabalhar em rede com as escolas , as instituições de crianças, com a Segurança Social, com estruturas da comunidade que podem integrar crianças e dar apoio".
Fonte: Agência Lusa