De acordo com a International Association for the Study of Pain, a dor é uma experiência multidimensional desagradável, envolvendo não só um componente sensorial mas também um componente emocional, e que se associa a uma lesão tecidular concreta ou potencial, ou é descrita em função dessa lesão.
Isto significa que: a dor é uma experiência individual complexa com aspectos sensoriais, emocionais e sociais. É importante compreender que as pessoas não sentem a mesma dor de forma idêntica. Isto acontece porque as mensagens que a dor transmite ao nosso cérebro podem não ser interpretadas da mesma forma por diferentes pessoas, dado que a nossa expriência individual da vida condiciona a forma como sofremos e exprimimos a nossa dor.
A dor foi instituída como 5º Sinal Vital. Significa que se deve considerar uma boa prática clínica, em todos os serviços prestdores de cuidados de saúde, a avaliação e registo regular da dor, como se faz há muitos anos para os 4 sinais vitais, nomeadamente a frequência respiratória, cardíaca, pressão arterial e temperatura corporal.
A dor é inúmeras vezes subestimada, escondida, negada e, consequentemente, negligenciada tantos pelos doentes como pelos profissionais de saúde, por motivos culturais. Por outro lado se a tornarmos vísivel não podemos ignorá-la, tornando-se imperioso estabelcer uma terapêutica adequada ao seu controlo, contribuindo assim para melhorar a qualidade de vida dos doentes e a humanização das unidades de saúde do País.
Sabemos que a dor é normalmente um aviso do corpo de que algo não está bem. Mas, por vezes, o aviso falaha e emite um alerta desnecessário ou desproporcional, pode haver mais dor mesmo quando não há qualquer tipo de doença ou lesão aparente. Algumas pessoas padecem de dores recorrentes, cefaleias (dores de cabeça), dores menstruais e aprendem a reconhecê-las como não ameaçadoras, mesmo que desagradáveis. Quando a dor é intensa e não se tem a certeza das razões da sua ocorrência, isto significa que o sistema de alarme está a desempenhar a sua tarefa.
O maior problema ocorre quando a dor devia desaparecer e isso não acontece. Uma regra simples é a de que se a dor dura mais do que o esperado, então o doente poderá ter um problema de dor crónica.
A dor que sentimos já é má por si só. Mas quando se vive com dor durante um longo período de tempo, as coisas tendem a piorar. A dor limita frequentemente a nossa capacidade para trabalharmos, divertirmo-nos e até mesmo para cuidarmos de nós. Muitas pessoas que padecem de dor crónica deixam os seus empregos, acrescentando problemas financeiros ás suas vidas. Á medida que o tempo passa sem que se sintam alívio, as pessoas ficam deprimidas. Por vezes parecem más e ingratas para a família, amigos e outros prestadores de cuidados, o que só aumenta a solidão e o isolamento social. Pode levar algum tempo até que os profissionais de saúde e os doentes estabeleçam uma relação de confiança, nem todos têm aptidões de comunicação e podem ocorrer equívocos, devemos pois tentar desenvolver um relacionamento honesto da parte do doente de modo a que estes sintam que estamos disponíveis e que acreditamos na sua dor e desejamos ajudar.
Existem algumas coisas que o doente pode fazer. A mais importante é não perder a esperança. Surgem todos os dias novas ideias e descobertas que são partilhadas por médicos da dor a nível mundial. a manutenção da actividade física e mental é importante. As caminhadas ou a natação são muito úteis para algumas pessoas. Deve aprender a fazer exercício de forma regular. E quando tiver um período de alívio da dor, não deve exagerar na actividade física, deve usar calçado adequado que não force a sua postura.
Deve tentar manter as suas actividades sociais especialmente mantendo-se em contacto com a família e os amigos. Se tiver de abandonar, temporariamente ou permanentemente, uma actividade de que gosta particularmente, substitua por algo igualmente estimulante ou conserve a mente ocupada. Se estiver empregado num trabalho pesado, explicar á entidade patronal os seus problemas, tem direito a ser colocado numa actividade mais leve de modo a evitar o insucesso e o risco de perder o emprego.
A experiência da dor crónica afecta não apenas o doente mas também as pessoas á sua volta, especialmente a família mais próxima. Cabe-nos então a nós "doentes com dor", descobrir alternativas capazes de administrar nossas próprias frustrações a fazer da dor, uma experiência de carácter humano passível de ser vivida por cada um de nós.
Enfermeira Clara Gabriel
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