O Ministério Público (MP) abriu no ano passado 115 inquéritos por violência contra idosos, a maioria com base em participações de juntas de freguesia e hospitais. Os dados dizem apenas respeito aos serviços do MP em Lisboa, Évora e Coimbra, até agora os únicos com estatísticas disponíveis sobre o fenómeno em 2008.
Dados da APAV relativos a 2008 referem o aumento de queixas por maus tratos psíquicos. Totalizaram 340, mais 137 do que no ano anterior. Entre os motivos das participações, para além das agressões corporais, contam-se ameaças e coacção, difamação e injúria, tentativa de extorsão de dinheiro e negligência por abandono ou por doses de medicamentos erradas, com o intuito de "acalmar" o idoso.
Segundo os mesmos dados, existe um peso importante de queixas de idosos que dizem ser humilhados e insultados por familiares. O relatório da APAV indica que a grande maioria das vítimas com mais de 65 anos são mulheres e que a violência é exercida no meio familiar pelos cônjuges e filhos. A grande maioria dos idosos vítimas de violência não se queixa "por medo" e "por vergonha". São "vítimas silenciosas" e os casos são relatados por outras pessoas que tomam conhecimento das situações.
A visibilidade deste fenómeno levou também a Segurança Social a encerrar, em 2007 e 2008, mais de 180 lares da terceira idade, prosseguindo a investigação de vários outros casos. Entre os motivos que levaram ao encerramento incluem-se a falta de condições físicas, a inexistência de licenças para o exercício da actividade e os maus tratos.
Fonte: Público